âme sœur


Era uma manhã fria de junho, faziam 18ºC.
Alia estava em pé no ponto de ônibus olhando para o relógio aflita, aguardando enquanto pensava na reunião da empresa que precisava comparecer e estava atrasada. 
Ela era recém-formada em jornalismo e trabalhava em uma empresa de jornal renomado da cidade de São Paulo.
Um homem com semblante límpido e afetuoso se aproximou e perguntou as horas.
“São 8:20... 8:21, precisamente!” respondeu depressa e sem olhar para o rosto do jovem rapaz.
“Obrigado!”
Haviam outras pessoas no ponto de ônibus, mas ele percebeu que ela parecia nervosa e resolveu pedir horas à ela. Seu nome era Martin.


Antes que eu me prolongue, preciso deixar claro que ambos eram pessoas com certa peculiaridade, algumas pessoas poderiam não saber responder o que havia de diferente e ousado neles, mas confirmariam que era algo que marcava presença.
Alia tinha 26 anos, de estatura mediana, talvez 1,68 de altura, pele morena e longos cabelos pretos que pareciam seda ao toque. Seus olhos eram um mistério, ora pareciam castanhos escuros, ora pareciam pretos, corpo esculpido como de uma deusa egípcia. Martin 29 anos, provavelmente 1,80, caucasiano, cabelos castanhos e baixo, não era forte, mas também não era magricela. Embora não dê para expressar beleza em palavras, posso afirmar que os dois eram muito bonitos.
 Se Alia tivesse prestado atenção no momento em que ele falara com ela, teria visto o tipo de homem ideal para ela. Resolvi expressar a genuína aparência de ambos, para você, leitor, se indagar ao final em o que te chamará atenção nestes dois.




Martin pensou em puxar conversa com algum tema típico de paulistano, como o clima, as manchetes do dia anterior ou sobre o defasado transporte público, quando percebeu que ela deu alguns passos à sua frente e estendeu a mão para dar sinal ao ônibus que estava se aproximando. Aquele ônibus também servia para ele, mas tinha uma diferença de 10 minutos no trajeto do ponto de descida até seu destino. Martin havia herdado uma franquia de confeitarias do seu falecido pai, passado de bisavós até chegar nele. 
Ele pensou durante alguns segundos e resolveu embarcar junto à ela. Ele estava encantado com Alia, uma mulher bonita, cara fechada e ansiosa.
Naquela manhã ele não teria muito a fazer. Ele só precisava checar admissões de dois novos funcionários. 
O escritório ficava no mesmo prédio da confeitaria sede.
Embora Alia não tivesse lhe dado atenção, ele sentiu-se convidado a se aventurar naquela manhã. Algumas horas não fariam mal. Pra sua sorte, o ônibus estava com quase todos os assentos ocupados, exceto por dois, no fundo.
Ele esperou ela se sentar para passar a catraca e sentar ao seu lado.
"Hoje está um frio, né?"


"Eu gosto", ela respondeu enquanto checava e-mails em seu celular. 
Provavelmente ela não prestou atenção em mim, ele pensou.
"Eu prefiro o calor.", silêncio. "As pessoas deixam as janelas fechadas, isso é ruim"
Silêncio. 


Talvez não fosse daquela vez.
"Droga!" ela exclamou com tom de raiva.
"O que houve?"
"Descarregou. Puta que pariu, eu to super atrasada!"

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